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Não Há Gente Como a Gente

Um blogue. Um podcast. Um par de palermas.

Não Há Gente Como a Gente

Um blogue. Um podcast. Um par de palermas.

Mini-contos (#09)

Todos viram o papel cair do bolso do homem que se afastava a mendigar.

Ninguém se preocupou com isso, mas a sua filha apanhou-o. Aos 4 anos já sabia que não se devia deixar lixo no chão. 

 

Recordava esse momento.

Tudo poderia ser diferente se tivesse ficado com aquela aposta vencedora em vez de a devolver ao sem-abrigo.

 

Que ironia, pensou, enquanto observava aquele mesmo homem, agora tão diferente, que escapava incólume do seu veículo topo de gama, enquanto ele segurava o corpo atropelado e sem vida da sua menina.

Falando de sequelas...

As sequelas são um assunto divisório quando se fala de filmes ou livros. A maioria é desnecessária e impulsionada apenas pela ambição de facturar mais com algo já estabelecido, abdicando, muitas vezes, da qualidade. 

 

Filme com título genérico, número 63, agora só com anões!

 

No entanto, acho que estamos a ser um pouco injustos com as sequelas, Às vezes são bem mais memoráveis que os originais.

Por exemplo, a segunda guerra mundial! Muito melhor que a primeira. Sim, toda a gente se lembra da primeira, mas, sejamos sinceros, quando falamos em guerra falamos logo da segunda. Nem tem comparação. Um bocadinho mais longa, mas aguenta-se bem, não há muitos momentos mortos, mantém-se entusiasmante; uma premissa muito melhor explorada, grande elenco com personagens icónicas e inesquecíveis, uma grande melhoria relativamente à primeira. Momentos memoráveis na sua duração, conflitos inesperados, surpresas atrás de surpresas, acontecimentos que se fazem sentir até hoje e ainda são discutidos até à exaustão. Muito melhores efeitos, se calhar coisas que já queriam fazer na primeira mas ainda não tinham tecnologia para isso. Um prólogo e epílogo que assentam que nem uma luva, uma excelente resolução com um final digno e adequado para as personagens envolvidas; personagens essas que deixaram marca. Um excelente vilão, que ficará para sempre na história, bem como  um vasto leque de personagens reais, nem boas nem más, mas que tentavam fazer aquilo que acreditavam estar certo. 

E o final... o que dizer daquele final? Um clímax de excelência, inesperado, emocionante, bombástico.

 

Arrisco a dizer que será mesmo a melhor sequela de sempre. É verdade que depois disso, e devido a todo o sucesso que alcançou, tentou explorar-se ao máximo o franchise. Vários spin offs foram feitos, mas nenhum com o sucesso e grandiosidade da segunda guerra mundial. E se ao principio ainda conseguiam ter alguma qualidade, esta foi-se perdendo ao longo dos anos. 

 

Também é verdade que durante anos se falou numa possível sequela, numa terceira parte, mas que nunca chegou a ser realizada. Se bem que, pelos rumores que correm, e aproveitando toda esta onda de revivalismo que vivemos, assim como uma falta de ideias generalizada, podemos estar perto de ver a terceira guerra mundial. Quanto a isso, não sei, tenho muitas dúvidas. Penso que seria demais. Acho que o impacto não seria o mesmo...

Até podem tornar tudo muito mais devastador, uma produção maior, mais efeitos e maior alcance, mas penso que não seria uma boa ideia. Nunca iria chegar aos calcanhares da sua antecessora e para quê mexer nos clássicos?

 

Desilusão Planetária

Portanto, parece que a NASA descobriu mais 7 planetas supostamente de dimensões e condições idênticas às da Terra e toda a gente ficou muito entusiasmada com a grande descoberta astronómica do ano até agora.

 

Foto da jogada final da liga dos campeões de berlindes

 

Podem conter água, podem ser habitados, podem albergar a nossa raça num futuro longínquo, grandes esperanças, grandes descobertas...

Para mim é só mais uma enorme desilusão. Sim, isso mesmo. Não passam de mais uns planetas a juntar à lista daqueles com condições semelhantes à Terra e isso não é positivo. A sério? Mais planetas como este? Planetas carregados de gente, de extremistas, de guerra, de fome e doença, de desigualdades sociais e de género, de discriminação, de gente que deita lixo para o chão, de grupos que andam nos passeios  vagarosamente a formar uma linha horizontal que não se desmancha para alguém passar, um planeta carregado de cogumelos... Desculpem-me, mas isto para mim não é motivo para celebração.

 

Porque não podíamos ter encontrado planetas capazes de suportar vida mas fossem completamente diferentes da Terra? Porque têm de ser sempre iguais? 

Sei lá... planetas em que teríamos 3 torneias: água quente, água fria, e uma torneira da qual saía bolo. E qualquer bolo, à escolha. Ou um planeta em que não era possível engordar. Nunca, independentemente do que comêssemos ou do pouco que fizéssemos. Ou, ainda, um planeta em que não existissem cogumelos (são as verrugas do diabo!)!

Um planeta em que toda a gente andava de trapézio. Seria excelente chegar ao trabalho de trapézio.

Um planeta em que pudéssemos ter um tigre como animal de estimação e ele não nos fosse comer a cara à primeira oportunidade. Um planeta em que a fruta nunca apodrecia. Nunca! Imaginem comprar uma mão-cheia de abacates (que não é muito, a menos que tenham mãos gigantes... o que podia ser o caso noutro planeta!) e eles nunca apodrecerem.

 

Não sei, são só umas ideias rápidas, mas ao menos já seria alguma coisa. Mas não, são mais planetas como este em que já estamos e está toda a gente muito contente, como se isto fosse muito perfeito por aqui.

 

O Aniversário do Blog

Há uma semana foi o aniversário aqui do blog e pensamos em fazer uma grande festa para celebrar. No entanto, havia um pequeno problema: coincidia com os óscares. Como muitas das mesmas celebridades que participaram na cerimónia queriam marcar presença na nossa festa, decidimos adiar a nossa celebração por uma semana, para os óscares não ficarem à rasca sem nenhuma celebridade lá presente.

 

Uma multidão magnífica, enorme, maior que qualquer outra agregação de gente em Lisboa, cobriu o Parque Eduardo VII. Dava para ser visto do espaço, tamanha a grandiosidade da nossa festa. É a verdade, podem perguntar aos astronautas da estação espacial internacional, que estavam a acompanhar lá de cima tudo o que se passava e tiveram via streaming um grande discurso de agradecimento dedicado a nós.

Foi uma loucura no geral. Foram erguidos monumentos e estátuas nossas, árvores plantadas que ficarão durante séculos enraizadas nesta bela terra, abençoadas pelo papa (sim, o papa estava lá). Aliás, o papa teve um discurso lindíssimo e queria canonizar-nos, mas achámos que era injusto que isso acontecesse já; ficou a palavra dele que iria iniciar o processo, para quando morrêssemos já estar tudo tratado.

Estava lá toda a gente, de todos os cantos do mundo. Desde as personalidades mais conhecidas às pessoas comuns. Pessoas que venderam todas as suas posses para poderem estar ali presentes, gente que vendeu órgãos no mercado negro. Houve até um homem que veio a nado desde a Austrália, porque não tinha dinheiro para nada mais, mas era o quanto isto significava para ele. Ele não chegou a estar na festa, morreu, claro. Mas foi um bonito gesto, apesar de inconsequente, e, para coisas dessas, mais vale não fazerem nada.

Alimentámos um monte de gente, ficámos muito mais perto de acabar com a fome mundial, assim como estamos muito mais perto de paz no mundo. A quantidade de líderes mundiais que se uniu por nós, para nos celebrar… Conseguiram até pôr de lado as suas diferenças quando se aperceberam daquilo que todos têm em comum: o amor por nós os dois e pelo nosso blog.

 

Actuámos, também. Fizemos várias coisas, mas lembro-me daquele momento fantástico que aconteceu antes do presidente da câmara de Lisboa nos entregar as chaves da cidade, em que o Diogo estava a fazer o mais extraordinário solo de violino de sempre, enquanto eu fazia um assombroso solo de guitarra e, depois, trocamos os instrumentos entre os dois, a meio voo, enquanto saltávamos de um avião e descíamos em queda livre em direcção ao palco ao mesmo tempo que recomeçávamos mais dois excepcionais solos antes de aterrar como dois anjos e o céu se inundar no mais espantoso espectáculo visual: uma aurora boreal que veio até cá de propósito para nos agraciar com a sua beleza.

Ainda fomos agraciados com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República, pelo serviço público que aqui prestamos, para depois David Bowie e Prince ressuscitarem por uma noite e darem, em conjunto, um memorável concerto que só quem lá esteve consegue atingir o quão incrível foi, até eles os dois ascenderem de novo aos céus e Deus Nosso Senhor aproveitar a abertura para espreitar cá para baixo e fazer-nos o seu sinal de aprovação.

 

Que festa. Inesquecível. Da minha parte, e falando pelo Diogo também, só podemos agradecer a todos os envolvidos. É uma honra ser recebido assim e ver a vossa demonstração de afecto e carinho, o vosso entusiasmo e agradecimento por nós termos este blog. Para o ano há mais.

Deixem-me falar-vos dos Óscares...

A noite mais glamourosa do ano está a chegar e eu estou em pulgas! Sempre adorei os Óscares, é a noite pela qual mais anseio. Fora isso, só uma noite que vá beber vinho. Todas as noites, portanto. Mas isso é assunto para outro dia.

 

Os Óscares têm uma grande tradição e é claro que não os acompanho desde o princípio. A minha história com os Óscares começou a escrever-se desde que vim morar para esta casa, há 6 anos atrás. Já vi imensos vídeos, ouvi as histórias e delicio-me com os momentos inesperados que aconteceram. Toda a cerimónia tem um encanto especial, quer queiram quer não, e é difícil não ser contagiado pela emoção. Mal posso esperar a noite de domingo para, uma vez mais, participar desta grandiosa cerimónia. Alimentando toda esta expectativa, este ano vou ter a honra de apresentar o vencedor numa categoria!

 

Eu sei, eu sei, alguns de vós já devem estar com alguma inveja, mas isto de participar nos Óscares não é para qualquer um, é só para quem pode.

Já agora, só para esclarecer, eu estou a falar dos Óscares, não dos “Oscars”, ou “Academy Awards”, essa coisa sobre filmes que não tem relevância nenhuma. Falo mesmo dos Óscares, os prémios criados pelo grande Óscar Lima, meu vizinho do 6º direito, para premiar os condóminos deste prédio.

 

Os Óscares são a lou-cu-ra! Assim que forem 21 horas de domingo, vamos todos até ao 6º andar, para casa do Óscar, onde historicamente se realiza a cerimónia. Mal se abrem as portas do elevador já se começa a perceber que será uma noite diferente. Um lindo tapete vermelho adorna a porta de entrada (dizem que é o mesmo tapete pisado por um dos meus heróis – o grande Chico Nelo – responsável pelo abaixo assinado de 2002, que determinou que todas as persianas tinham de ser verdes e pelo movimento “Sim ao corrimão, sem apoio é que não!”, que levou à instalação de corrimãos em todos os lances de escadas). Perto da porta vai estar a nossa fotógrafa. Já andam por aí uns zunzuns que este ano vamos ter roupa da Zara, da H&M, da Primark, mas também da Guess, da Timberland, Ralph Lauren e até da Burberry!  A fotógrafa de serviço vai ser a nossa Márcia Coto, tão crescida que está com os seus 13 anos. Ainda por cima a mãe dela trabalha numa revista “cor-de-rosa”, por isso pode ser que haja divulgação das fotos. Sim, a mãe dela é só a recepcionista do prédio onde está a redacção, mas mesmo assim…

 

A cerimónia vai ser conduzida pelo grande Óscar, como é habitual. Há rumores de que vai haver uma actuação de malabarismo, feita pelos filhos da Clara do 3º direito, e também um número de ilusionismo do Afonso do 8º esquerdo. Como sempre, é de esperar algumas surpresas, como no ano passado, em que a Cristina do 1º esquerdo nos presenteou a todos com a sua dança do ventre. Pelo menos foi o que ela lhe chamou, apesar daquilo para mim ter sido só uma maneira de disfarçar que estava a entrar em trabalho de parto.

 

Quanto aos prémios em si, não sei bem o que esperar. Está tudo tão renhido este ano. A começar logo pelas nomeações: depois da controvérsia que foi o #Oscars So White, este ano temos nomeado para “Melhor novo condómino” um casal inter-racial. As más-línguas dizem que o Tiago só se casou com a Joana por ela ser africana e assim ganhar o prémio, aproveitando-se da polémica e dos votos por simpatia. Eu sou contra esta tese, até porque eles já estão casados há anos e não sabiam da existência destes prémios até se mudarem para aqui, mas uma campanha destas é difícil de travar. Mesmo assim acho que ganham, os outros nomeados são a Júlia e a Júlia, do 2º direito e o Marco do 7º esquerdo. A Júlia e a Júlia são um casal simpático, mas aquele pormenor de terem o mesmo nome confunde as pessoas e não acham assim muita graça; do Marco diz-se que tem um mês de quotas em atraso e mesmo que isso seja mentira é um daqueles rumores com que é difícil ganhar votos.

Temos também o Óscar para melhor banda sonora. Aqui está mesmo renhido e eu estou nomeado! Sinceramente, só o estar nomeado já é um prémio por si só, é uma honra ter o meu trabalho reconhecido e valorizado. Vamos ver se consigo levar o galardão também. Estou nomeado pelo meu silêncio. Sim, o meu silêncio, de ser o condómino mais silencioso que aqui habita, ao ponto de pensarem que este apartamento está desocupado e tudo. Nestas circunstâncias, de habitação num prédio, há quem diga que o silêncio é mesmo a melhor banda sonora. Os outros nomeados são as obras do 2º esquerdo, que fazem uma manhã normal parecer um ataque aéreo durante a segunda guerra mundial, e a Diana, do 9º direito, que mora no último andar e que se faz ouvir perfeitamente sempre que tem sexo, com os seus gritos de êxtase a ecoarem ao longo de todo o prédio. Está tudo muito aberto. A categoria, não a Diana, isso não faço ideia de como está.

 

Muitos outros prémios serão entregues ao longo da noite, como o de “Melhor Contribuidor Externo”, em que estão nomeadas as senhoras da limpeza, o carteiro e senhora que trata do lixo. Acho que esta última será a vencedora. O carteiro não tem falhado, mas já conquistou um grande número de Óscares e penso que a academia (o Óscar) quer atribuir o prémio a sangue novo, e as senhoras da limpeza têm estado um bocado desleixadas.

Também teremos um momento In memoriam, como é normal nestas coisas. Será aqui que será prestada homenagem à grande Magda, do 4º direito, falecida em Janeiro de 2016. Encontrada em Outubro de 2016, quando o enjoo foi suficiente para alarmar o Rui do 4º esquerdo. Teve de vir a polícia, INEM e os bombeiros. Foram encontrar a Magda, ou o que restava da Magda, morta na banheira, e uma dezena de ratos muito bem alimentados que agora tomavam conta da casa. É uma pena, a Magda era boa pessoa, via nela muito potencial para futura vencedor do galardão mais cobiçado (“Melhor Condómino”), num futuro próximo. Parece é que, afinal, não era muito asseada: depois de toda a investigação, concluiu-se que os ratos já lá estavam enquanto a Magda era viva e que, inclusive, foram eles que a mataram, começando por lhe comer os olhos.

 

E é isto, não vos vou estar a maçar mais, nem a provocar-vos mais inveja. É claro que para o final ficará guardado o grande prémio, o de “Melhor Condómino”, e este ano é mesmo impossível prever quem ganhará.

Só espero é que não haja polémicas como há 2 anos, quando o António do 6º esquerdo ganhou o prémio e foi logo acusado de ter comprado votos com queques caseiros, bem como – muito mais grave –, de não assumir as culpas da infiltração que afectava o 5º esquerdo... Quando toda a gente sabe que a culpa é mesmo dele e que instalou um ar-condicionado sem pedir autorização ao condomínio antes! Mas pronto, não interessa, são águas passadas…

 

Que venham depressa, mal posso esperar pelos Óscares!

A coisa mais difícil da minha vida

Vivo no limite, no fio da navalha, à beira do abismo.  

 

Sou uma pessoa aventureira, preciso adrenalina, requeiro dopamina, sou viciado em cafeína, mas não me meto na metanfetamina, fico-me pela endorfina a dar com um pau.

Corro riscos e não me deixo abater. Vivo a vida ao máximo, um dia de cada vez, nunca estou de pé atrás, nem que a vaca tussa. Hakuna Matata, Carpe diem.

Ando de BMX, BTT e skate, tudo ao mesmo tempo. Faço escalada, slide e rappel, de olhos fechados e com uma perna às costas. Surf, kitesurf mas também windsurf, com o mesmo vento com que a minha asa é delta. Passeio de parapente, salto de aviões, desafio avalanches. No paintball sou general.

Ando sem guarda-chuva, com roupa por engomar, com a camisa por fora das calças. Questiono crenças comuns e populares, julgo livros pela capa e a capa pelos livros, derramo leite e não choro, aconselho-me na noite.

Faço trinta por uma linha, procuro agulhas num palheiro, passo tudo a pente fino, separo o trigo do joio. Não fico a ver navios, atiro-me de cabeça, ponho lanças em África, vou até ao cu de Judas e penteio macacos.

 

Tenho pêlo na venta, ponho as barbas de molho, as mãos à obra e os pontos nos is.

Sou advogado do diabo, coloco as mãos no fogo, ponho o dedo na ferida, as mãos na massa. Arregaço as mangas, parto a loiça toda. Levanto a cabeça, abro os olhos, acerto agulhas e vai tudo a eito. Sou bom de boca, tenho a pulga atrás da orelha, as costas quentes e quebro o gelo.

Vou com a corda toda, vou a fundo, de pé firme, ando na linha, agarro com unhas e dentes, movo montanhas, dou a volta por cima, ponho a bola para a frente e deixo a bola rolar. Vou à luta, deito lenha na fogueira, arrisco a pele, tenho sangue na guelra.

Agarro a vida pelos cornos, grito a plenos pulmões. Tenho a cabeça nas nuvens e os pés bem assentes no chão. Tenho as costas largas e o peito feito, faço das tripas coração.

Lanço os dados, desafio a morte, tenho a faca e o queijo na mão.

 

 Vivo no limite, no fio da navalha, à beira do abismo.  

 

No entanto, não há nada que seja mais difícil, nada que custe mais e me derrote tão facilmente que levantar-me de manhã, sempre que toca o despertador para ir trabalhar. Há coisas mesmo difíceis de fazer.